A Amazônia, um “continente” verde dotado de tantas belezas naturais, de um cenário encantador e atraente, dispõe também de outras riquezas que geralmente não são destacadas nos cartões postais: a nossa gente!
É de admirar a realidade desse povo, gente sofrida, mas aguerrida. Mesmo tidos como habitantes de um lugar “desconhecido”, os que aqui vivem estão, sim, situados em um lugar: no coração do Deus vivo.
O maior desafio da ação evangelizadora na Amazônia, sobretudo da juventude, é a “realidade”, que precisa ser bem entendida e encarada como os novos “areópagos” de evangelização. Certa vez, alguém se queixava das distâncias, dos lugares longínquos, das “estradas de rio” por onde aqui se trafega, do problema de locomoção para se conseguir chegar a um determinado lugar, mas ao conhecer a “realidade” aquela pessoa pôde perceber que Deus habita aqui, que Deus quis essa realidade. Aquela pessoa percebeu que esta é a realidade que se tem para evangelizar e assim deverá acontecer.
Somos um povo de muitas etnias, herdeiro de diversas culturas, sobretudo as indígenas, e nos enquadramos em pelo menos três situações: o jovem indígena, o jovem ribeirinho e o jovem da cidade.
A aproximação com a cultura indígena ainda não é algo constante, apesar de organizações da Igreja ou ainda de outras instituições como organizações não governamentais, fundações, pastorais etc., contribuírem nesse aspecto. É possível estabelecer um diálogo efetivo e de comunhão com muitas comunidades indígenas: a chegada dos missionários jesuítas em terras amazônidas é um fato que comprova isso. Apesar da catequização, houve um rompimento brusco de contato com os costumes e heranças dessa gente, o que pode ter deixado certa descontinuidade cultural e até moral desses povos.
Uma situação lamentável é a marginalização desses jovens indígenas. Geralmente a vida lhes apresenta um modo arriscado de viver. Há uma região no Alto Rio Negro em que é grande o número de suicídios – quase todos influenciados pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
“Drama” mesmo é a realidade do jovem ribeirinho, aquele que nasce e mora em palafitas nas beira dos rios. Geralmente ocioso, sem nenhuma alternativa e adaptado ao meio em que vive: contato com a natureza, pesca, agricultura, ele não tem a oportunidade de um jovem como o da cidade. Geralmente, a família é extensa e o jovem, em busca de perspectivas, tende a migrar para a cidade grande. Na maioria das comunidades ribeirinhas, é quase escasso o trabalho pastoral efetivo, o que acontece geralmente é uma tentativa de desbravar esses lugares para que chegue o evangelho.
Muitos dos nossos irmãos vivem somente da religiosidade popular, porque Jesus Eucarístico é pouco apresentado, é quase desconhecido por eles. Alguns lugares, por serem muito distantes, recebem a visita de um sacerdote para celebrar os sacramentos somente uma vez durante o ano.
A evangelização juvenil nas grandes cidades, ou como aqui são chamados alguns municípios, as cidades-polos, tem grande diversidade de expressões, sejam pastorais, sejam movimentos. O interessante é o despertar desses jovens pela novidade evangélica e pela ação protagonista no meio social, mas também eclesial. Ainda timidamente, surgem as mais variadas vocações. Há muitas pretensões, o jovem da cidade é alguém que deseja o novo.
Estamos, portanto conscientes do quanto percorremos, mas se olhamos “além” percebemos o quanto deve ser feito.
Existe uma frase de motivação sobre a vida missionária: “Evangelizar se faz com os pés dos que partem, com os joelhos dos que rezam e com as mãos dos que contribuem”.
Deus salve a Amazônia!
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