terça-feira, 24 de julho de 2012

MARATONISTA SOLITÁRIO

Atleta sem país correrá maratona olímpica.


Em questão de poucos dias o refugiado sul-sudanês Guor Marial passou pelos momentos mais importantes de sua vida como atleta. Depois de passar meses sem saber se poderia competir nas Olimpíadas de Londres, o corredor descobriu que poderá, como queria, disputar a maratona olímpica mesmo sem ter um país para representar, o que faz dele um marco na luta pelo reconhecimento do Sudão do Sul, sua terra natal e país mais novo do mundo.

Tudo começou em outubro de 2011, quando Marial obteve indíce olímpico para disputar a maratona. Como é refugiado e mora nos Estados Unidos há 11 anos, o atleta poderia defender a bandeira norte-americana caso fosse cidadão do país, processo que deveria ter sido completado em junho do ano passado, mas não chegou à fase final por problemas burocráticos. Foi então que começou o drama do sul-sudanês de não saber se correria nas Olimpíadas.

“Técnicamente eu deveria ter virado cidadão dos Estados Unidos em junho do ano passado”, contou Marial em entrevista ao portal Runner’s World. “Fiz todos os processos burocráticos, tinha todos os documentos em mãos, mas há um processo que envolve questões de segurança que tornou as coisas um pouco mais lentas”.

A história de Marial comoveu a sociedade internacional. Com a impossibilidade de correr por não ter uma bandeira para defender, o atleta viu seu drama chegar a instituições que cuidam de pessoas refugiadas por problemas políticos, como a Chance.org, que escreveu uma carta ao presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, pedindo para que o corredor estivesse na maratona sem uma bandeira, já que a própria entidade não reconhece o Sudão do Sul como país olímpico. Isso porque o Comitê havia sugerido que Marial corresse sob a bandeira do Sudão, o que foi prontamente rejeitado pelo corredor por conta do histórico de guerras entre os dois países.

E a tentativa deu certo. No último sábado Marial recebeu a notícia de que sua história foi considerada suficiente para que o COI permita que ele corra na maratona das Olimpíadas deste ano sem país nenhum para defender, sob a bandeira olímpica. Com isso o atleta considera que não só realizará o sonho de poder participar de uma edição dos Jogos como também fará com que o mundo olhe para as questões do Sudão do Sul, país recém-formado e que passa por diversos conflitos por questões de fronteiras e, principalmente, reconhecimento internacional.

“A voz do Sudão do Sul finalmente será ouvida”, falou o atleta à Associated Press. “Agora teremos o nosso lugar na comunidade internacional, pela primeira vez na história”.

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