sábado, 3 de setembro de 2011

PAULO MALUF 80 ANOS DE CORRUPÇÃO E PATIFARIA

Maluf comemora 80 anos neste sábado com festa para 1.300 convidados.

SÃO PAULO - Nenhum dos 1.300 convidados que provavelmente lotarão neste sábado a Sala São Paulo, a partir das 20h, deve citar alguma das maiores façanhas do homenageado, o deputado Paulo Maluf (PP-SP), que estará comemorando 80 anos. Com todo requinte que a ocasião e o local requerem, a festa, organizada por sua mulher, Sylvia, terá um coquetel seguido por uma apresentação especial da Orquestra Sinfônica de São Paulo, a Osesp.
Um concerto da mais aclamada orquestra do país, no entanto, certamente não custaria nem 1% dos US$ 344 milhões que Paulo Maluf é suspeito de ter desviado durante sua gestão como prefeito de São Paulo, entre 1993 e 1996. Mas ao completar 80 anos, essa façanha e as dezenas de processos que responde na Justiça e que tratam de desmandos com o dinheiro público, poderão prescrever por causa da idade. Este sim um grande presente.
Mesmo tendo no currículo um mandado de prisão decretado nos Estados Unidos e todos os bens bloqueados no Brasil e em outros seis países, o "doutor Paulo", como gosta de ser chamado, deve atrair para sua festa deste sábado importantes personagens da cena política nacional. Quatro ministros, entre eles Mário Negromonte, das Cidades - envolvido nas últimas semanas em uma série de denúncias - que é de seu partido, já tinham confirmado presença nesta sexta-feira, assim como inúmeros senadores e deputados de vários partidos e estados.
Seu eleitorado fiel em todas as eleições, estimado em cerca de 15% dos paulistas, depositou 497.203 votos na eleição do ano passado, elegendo-o como o terceiro deputado federal mais votado de São Paulo, só perdendo para o recordista nacional Tiririca (1,3 milhão) e Gabriel Chalita (560 mil). Esse percentual malufista é considerado decisivo em qualquer eleição majoritária, por isso é paparicado e convidado, por meio do PP, a participar de governos.
No governo federal Maluf indicou o ministro Negromonte, das Cidades, e em São Paulo, no governo de Geraldo Alckmin (PSDB), o correligionário Antonio Carlos do Amaral Filho, para ser o presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). O deputado não participa do governo municipal da capital, mas o prefeito Gilberto Kassab, que luta para viabilizar o seu PSD, deverá ser outro dos convidados especiais que estará na festa.
Popular ou não, Paulo Maluf virou verbete de dicionário. "Malufar: surrupiar, adulterar", como ensina o "Dicionário de Usos do Português no Brasil". Tão forte, o termo ultrapassou a barreira da língua portuguesa. "De tanto malufar, os Maluf foram presos" noticiou em 2005 o jornal francês "Le Monde", quando o ex-prefeito e seu filho, Flávio, foram presos e passaram mais de um mês na carceragem da Polícia Federal.
Símbolo da impunidade, para o qual é comum ser apontado o slogan "rouba mas faz", ele nunca foi condenado. O promotor Sílvio Marques, que investiga o ex-prefeito há mais de 10 anos, não concorda com essa ideia de símbolo:
- Improbidade não prescreve e o dinheiro está bloqueado. Maluf já foi símbolo da impunidade. Mas não é mais. Ele não pode sair do país porque é procurado nos Estados Unidos, passou 40 dias preso, todos os seus bens estão bloqueados. Você diria que isso é estar impune? Eu, por exemplo, não tenho nenhum desses problemas.

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