domingo, 19 de agosto de 2018

JOÃO AMOEDO É O CANDIDATO QUE BANCA CAMPANHA E PARTIDO COM SEU PRÓPRIO DINHEIRO E NÃO ESCONDE SEU PATRIMÔNIO.

O atrevimento de João Amoêdo

É duro encarar esse enraizado preconceito que mescla ideologia política com culpa religiosa, como vimos pelas reações à declaração de bens feita pelo presidenciável do NOVO
João Amoêdo
Da ineficiente administração pública à voracidade das corporações, passando por um sistema político desenhado para dificultar mudanças e sem contar com a corrupção desenfreada, não faltam gargalos para explicar o porquê de o País ter patinado tanto nos últimos anos até conhecer a pior crise de sua história. Ainda assim, verdade seja dita, não deixamos de jogar luz sobre a arrogância de Dilma Rousseff, Nelson Barbosa e grande elenco. Também é inegável que o desequilíbrio em favor do funcionalismo público está na berlinda. Quanto à corrupção, a Lava Jato permanece viva. E a cláusula de barreira começa a ser questionada até por quem manja pouco do assunto.
Sim, sobram desafios, mas a expectativa de revertê-los é real. Principalmente se optarmos por governantes com capacidade administrativa comprovada em vez de novos postes ou aventuras sem cabimento. Duro mesmo, porém, será encarar esse enraizado preconceito que mescla ideologia política com culpa religiosa, como vimos pelas reações à declaração de bens feita pelo presidenciável João Amoêdo (NOVO).
O candidato declarou ontem, ao TSE, um patrimônio pouco acima de R$ 425 milhões. Desses, cerca de 120 milhões estão aplicados em participações de empresas, 44 em fundos de investimento e o restante, por volta de 217 milhões, em renda fixa. Pronto, desatou indignação em Sucupira.
Como Amôedo se atreve a ter tanto em um país tão desigual? Aliás, pior ainda do que ser rico, como o prócer do Partido Novo tem a pachorra de registrar esse fato? Isso, sem falar, é claro, que grande parte da quantia está aplicada de modo a florescer às custas do Estado.
 Pois bem, dentre tantas pensatas dignas de uma sociedade fadada à mediocridade, devo reconhecer, o incômodo pela sinceridade do referido postulante à Presidência me fez rir. Quer dizer, para os vigilantes da prosperidade alheia, certo seria indicar um valor pífio, incoerente com  sua vida pública e seus ganhos. Afinal, exemplos assim não faltam e jamais provocam barulho.
 Quanto ao queixume pelas modalidades preferidas de investimento — como no caso da renda fixa —, trata-se de um mero espantalho e que, portanto, não merece ser levado em conta. No fundo, insisto, o grande pecado de Amoêdo reside no ter. Pouco interessa se fez por onde.
Ao contrário de muitos dos meus amigos, estou longe de ser um fã inveterado do Partido Novo ou do próprio João Amoêdo. Reconheço o caráter a princípio bem intencionado, mas me incomoda bastante, apenas para citar um exemplo, esse discurso calcado em liberalismo econômico e conservadorismo nos costumes.
 Dito isso, é uma pena que mesmo após tantas mazelas recentes, provocadas justamente por dilemas novelescos como esse, ainda não tenhamos aprendido a lição.
Desde que dentro da lei, a busca pela maior prosperidade possível jamais deveria ser vista como um problema, mas como um estímulo.

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