Lula formaliza candidatura em 2018: Só quem tem direito de decretar o meu fim é o povo brasileiro; veja como foi a entrevista
Ao final de uma entrevista coletiva em que falou sobre sua condenação
pelo juiz Sergio Moro a 9 anos e meio de prisão, o ex-presidente Lula
formalizou sua candidatura ao Planalto em 2018.
Ele se dirigiu à presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, dizendo que teria
de lutar em várias frentes: enfrentar a batalha jurídica e ao mesmo
tempo convencer os eleitores de que ele pode dar um jeito na profunda
crise política e econômica enfrentada pelo Brasil.
Segundo Lula, se ninguém da Casa Grande consegue enfrentar os desafios será a hora mais de uma vez de alguém da senzala fazê-lo.
Em sua fala, o ex-presidente disse que o processo em que foi condenado teve origem em uma reportagem do jornal O Globo e que, depois da primeira mentira, a PF, o MPF e o juiz Sérgio Moro não tiveram como recuar.
Ele disse que não faria sentido a derrubada de Dilma Rousseff sem que
o PT fosse impedido de ganhar as eleições em seguida, por isso
enquadrou a sentença de Moro como continuidade do golpe.
Ao encerrar, afirmou: Só quem tem o direito de decretar o meu fim é o povo brasileiro.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez, nesta
quinta-feira (13), seu primeiro pronunciamento público após a condenação
em primeira instância no “caso do tríplex do Guarujá”. Na sede nacional
do Partido dos Trabalhadores (PT), em São Paulo (SP), Lula criticou a
atuação do juiz Sergio Moro e da imprensa comercial, e afirmou que irá
se candidatar a presidente da República novamente: “Se alguém pensa que
com essa sentença me tirou do jogo [político], eu quero dizer que estou
no jogo”.
Confira a íntegra do pronunciamento:
— Não me avisaram antes e eu perdi a fala da minha presidenta aqui,
eu cheguei quando ela tava falando que eleições sem Lula não é eleição, é
fraude, mas eu queria que vocês pensassem um pouco na sentença do
Mouro, porque ele tem para comigo o otimismo que nem eu tenho. Porque
pela peça de condenação de 19 anos sem poder exercer nenhum cargo,
significa que ele esta permitindo que eu possa ser candidato em 2036.
Isso significa que eu vou viver e vocês vão ter que me suportar muito.
Ô, gente, eu queria fazer essa entrevista coletiva, ontem eu não quis
falar com a Imprensa, porque ontem eu tinha um assunto muito importante
pra resolver que era ver o Corinthians derrotar o Palmeiras, então eu
não tive nem tempo de analisar a condenação, nem conversar com advogados
porque olha, primeiro vamos ver o Corinthians resolver o problema com o
Palmeiras, depois a gente discute.
Mas eu queria começar aqui agradecendo alguns companheiros que
tiveram um papel importante nessa primeira etapa dessa
batalha jurídica e política que é meu companheiro Cristiano Zanin, o meu
querido companheiro advogado, o companheiro Roberto Teixeira, a
companheira Valeska, que alem de advogada e filha do Roberto Teixeira, é
mulher do Cristiano, a companheira Larissa, que é filha também do
Roberto Teixeira e cunhada do Cristiano, queria conhecer o
companheiro Geoffrey que é um advogado que esta nos ajudando a partir de
Londres e fez uma representação contra o Mouro em Bruxelas na ONU.
Queria agradecer o companheiro Batochio que faz parte do grupo de
advogados que me defendem nessa ação e em outras ações, que são
muitas ações que eu tenho pela frente. Agradecer o companheiro Nilo
Batista que foi impedido de continuar me ajudando, mas no começo
participou me ajudando nesse processo, o companheiro Joarez Cirino que é
um advogado do Paraná que também me ajudou numa fase do processo. Quero
agradecer o companheiro Fernando Fernandes e toda sua equipe que
trabalharam tão bem nesse processo, eles eram advogados do Paulo
Okamotto, e o Paulo Okamotto foi absolvido na questão do acervo.
Quero agradecer a tantos companheiros jurídicos que participaram de
tantas reuniões, que escrevera tantos artigos. Agora mesmo já tem
um movimento com 60 juristas pra escrever o livro sobre a sentença do
Mouro, ou seja, cada jurista vai escrever 5 páginas sobre a sentença do
Mouro porque segundo os advogados, é uma peça que precisa ser motivo de
estudo profundo de como não fazer uma peça condenatória.
Mas de qualquer forma eu não vou entrar em detalhes porque os cara
estudaram tantos anos, fizeram mestrado, doutorado pra ser advogado, não
vou eu aqui com meu quarto ano primário tentar substituir a experiência
desses companheiros, mas eu quero agradecer a todos, quero agradecer
obviamente aos meus companheiros do PT, que tanto tem sido solidários a
nossa bancada no Senado, a nossa bancada na Câmara dos Deputados que tem
feito um enfrentamento não apenas nessa caso, mas em outro caso de
injustiça que acabou vitimando outro companheiro do PT e outros
companheiros que nem são do PT mas que são vítimas do arbítrio de um
estado quase que de exceção em que o Estado de Direito Democrático esta
sendo jogado na lata do lixo.
Ou seja, eu quero agradecer a companheira Jandira, que está aqui na
mesa em nome do PCdoB, o companheiro Manoel Dias que está aqui em nome
do PDT, quero agradecer a generosidade da Imprensa comigo que é muito
importante sobre tudo o pessoal do Jornal Nacional, que me tratam com
tanta diferença. Quero cumprimentar, quero aqui agradecer meu querido
companheiro Raduan, que eu conheço a pouco tempo pessoalmente, mas
parece que faz muito tempo que eu conheço ele, e é um companheiro que é
uma das reservas morais desse país, além de uma reserva importante
intelectual.
Eu até não queria falar da minha família por que quando fala de
família fico emocionado e não vou falar, mas esse processo é um processo
que se vocês acompanharam ele, vocês vão perceber que o que aconteceu
ontem, eu já previa no dia 16 de outubro do ano passado. Se vocês leram,
eu escrevi um artigo, na tendência de debate da Folha, “Por que querem
me condenar”, isso aqui é o dia 18 de outubro de 2016 e nesse artigo,
Raduan, eu disse o seguinte:
“Meus acusadores sabem que não roubei, não fui corrompido nem tentei
obstruir a justiça, mas n˜o podem admitir, não podem recuar depois de um
massacre que promoveram na mídia. Tornaram-se prisioneiros das mentiras
que criaram, na maioria das vezes, a partir de reportagens facciosas e
mal apuradas. Estão condenados a me condenar e devem avaliar que se n˜o
me prenderem, serão eles os desmoralizados perante a opinião pública.
Tento compreender essa caçada como parte da disputa política, muito
embora seja um método repugnante de luta. Não é o Lula que pretendem
condenar, é o projeto político que represento junto com milhões de
brasileiros. na tentativa de destruir uma corrente de pensamento, estão
destruindo os fundamentos da democracia no nosso país.
É necessário frisar que nós do PT, sempre apoiamos a investigação, o
julgamento e a punição de quem desvia dinheiro do povo. Não é
uma afirmação retórica, nós combatemos a corrupção na prática.
Isso foi escrito em outubro, por que desde que esse processo começou,
e desde que o Moro proferiu várias entrevistas sentenciando que era
preciso uma forte cobertura da Imprensa, porque senão ele não
conseguiria prender as pessoas, e sobretudo prender as pessoas para
fazer com que as pessoas delatassem. Porque tem gente que delatou e
poderia contar um caso que é o caso do Leo Pinheiro, que é um cara que
ele utiliza muito na sentença. O Leo Pinheiro tá há mais de dois anos
preso, o Leo Pinheiro insistentemente disse “não, não”, mas o cara já tá
condenado a 23 anos de cadeia com perspectiva de um pouco mais.
Ai o cara assiste na própria televisão Globo, no Fantástico, sabe que
nesse país vale a pena delatar, que delatar é um prêmio, pra você
conviver com a riqueza que você roubou, pra você conviver com metade ou
mais do roubo e apareceria gente morando em Itapecerica aqui em
condomínio de luxo, aparecia gente morando em condomínio perto da praia.
O cara tá preso e o cara fala “Po, eu to condenado a 23 anos de
cadeira, tem mais uns 3 processos contra mim e o que eu tenho que falar é
apenas dizer que o Lula sabia?”
O Lula não faz parte da família dele, o Lula não é filho, não é
genro, nã é nada dele. Por que que eu vou pegar tanto anos de cadeia por
causa do Lula? Assim foi com o Leo, assim foi com outros. Durante todo
esse processo a coisa que eu mais lia de informações, era as pessoas
dizendo “tal pessoa foi presa e no interrogatório a primeira coisa que
falaram foi que tinham que falar o nome do Lula “. E eu acreditava que
esse processo ia terminar do jeito que terminou por que em nenhum
momento , eu prestei vários depoimentos, e era visível que o que menos
importa para as pessoas que faziam as perguntas era o que você falava.
Eles já estavam com o processo pronto, eles ja estavam com
a concepção da condenação pronta.
Então, a Polícia Federal pega esse processo. Esse processo começa com
a mentira do jornal Globo, que o Ministério Público pega pra ela, abre
um inquérito, a Policia Federal mente a respeito desse processo, o MP
aceita o inquérito da PF enquanto isso a Imprensa divulgava isso
fartamente. Depois vai pro MP, o MP prepara a acusação, anuncia a
acusação, a imprensa divulga fartamente, ou seja, outra mentira do MP e
vai pro Moro.
Eu acreditava que o Moro iria recusar, se ele tivesse recusado a
aceitar a mentira contada pelo MP, baseada na teoria do PowerPoint, era o
que eu esperava. Veja que eu tinha muito mais garantia de que ele iria
recusar ou aceitar a denúncia, do que me absolver depois que o processo
foi aceito.
Depois que o processo foi aceito eu falei “Olha, há um jogo a ser
jogado nesse país. Não é possível, que aqueles que preparam a mentira do
golpe contra a Dilma, aqueles que prepararam a mentira do golpe contra
as forças democráticas que ganharam as eleições de 2014 iriam ficar com
os braços cruzados, esperando essa gente voltar pro poder em 2018.
E eu sempre tive consciência que o golpe não fechava, se o Lula
pudesse ser candidato, o golpe não fechava. Porque qual é a razão, sabe,
de derrubar um governo, um partido político e dois anos depois esse
governo e esse partido juntar as mesmas forças políticas e ganhar as
eleições?
Não podia fechar. Então a sentença de ontem, ela tem um componente
político muito forte e eu obviamente que não vou entrar nos componentes
jurídicos, porque tudo que eu tenho lido até agora e tudo que eu tenho
ouvido é que o juiz Moro passou praticamente escrevendo 60 páginas pra
se justificar da condenação. Em que praticamente, de 900 e não sei
quantos parágrafos, ele utilizou 5 da defesa e me parece que não havia
nenhum interesse.
Vocês estão lembrados de que quando eu fui prestar o meu depoimento,
isso tá gravado, eu tinha pedido pro Moro autorizar que a Imprensa
divulgasse o meu pronunciamento ao vivo. Não foi possível, porque eu
queria que o povo visse a cara dele, queria que vissem as caras dos
promotores. Não apenas a minha.
Mas não foi possível, mas foi divulgado e vocês viram que eu disse o
seguinte “Olha, você não pode me absolver, não tem como. Ou seja, o que
vocês já falaram até agora, o que a Imprensa já me condenou até agora,
só do Jornal Nacional foram 20 horas.” Você veja que os tucanos não
aguentaram uma capa da Veja, caiu todos. Eu tenho não sei quantas capas
de revista, 50 e não sei quantas, mais a do final de semana que devem
ser todas da minha cara outra vez, e mais 20 hora de Jornal Nacional.
E eu sinto que há, companheira Gleisi, uma tentativa de me tirar do
jogo político. Eu sou um homem que acredito nas Instituições. Eu quero
uma Polícia Federal forte, eu quero um Ministério forte e eu quero um
Ministério Público forte. Porque essas Instituições forte, elas são o
garante da democracia do país e são o garante para não permitir o abuso
daqueles que exercem o poder. Inclusive pra evitar sabe, o surgimento de
pessoas que se sintam insubstituíveis e queiram utilizar do poder pra
ficar governando de forma autoritária.
Agora eu sempre disse, se vocês pegarem os discursos que eu fazia na
posse do Ministério Público, eu sempre dizia: a Instituição por ser
forte, as pessoas que a compõe, tem que ter mais responsabilidade.
Quando eu falo da Policia Federal e falo do Ministério Público, eu não
falo da Instituição, porque tenho grandes amigos e respeito
profundamente algumas centenas de amigos que tenho lá. Eu falo dos
procuradores que estão fazendo parte da operação, da Força tarefa da
Lava-Jato. Eu falo a Policia Federal que faz parte da força tarefa da
Lava Jato. Eu não falo da Instituição, porque acredito tanto na
Instituição, que fiz ela ser muito mais forte do que era quando cheguei.
Pois bem, então o que acontece de fato e de direito nesse negócio. Ou
seja, na medida em que nenhuma verdade era levada em conta. Na medida
em que o powerpoint permeou todo o comportamento deles, e eu já cansei
de falar e vocês sabem. Eles diziam que o PT era uma organização
criminosa, que o PT se preparou para ganhar do governo, para ganhar do
governo e roubar e o Lula era o chefe.
A partir dai eles não precisavam mais nada, era a teoria do domínio
do fato. Utilizada de forma moderna com a palavra “contexto”, que o juiz
Moro utilizava muitas vezes a palavra contexto. Obviamente que o Moro,
ele não tem que prestar contas pra mim, eu acho que ele tem que prestar
contas para a História, como eu devo prestar conta pra História.
A História na verdade é quem vai dizer quem tá certo e quem tá
errado. Eu continuo afirmando pra vocês que não é possível a gente ter
um Estado Democrático de Direito, se a gente não acreditar na Justiça. E
por essa crença que eu tenho no Estado de Direito e numa Justiça forte,
é que a Justiça não pode mentir.
Ela não pode tomar decisões políticas, ela tem que tomar decisão
baseada nos autos. E olha que nós trabalhamos. Porque a única prova que
existe nesse processo, de não sei quantas mil páginas, é a prova da
minha inocência.
Eu queria fazer um apelo a Imprensa, um apelo ao povo brasileiro, se
alguém tiver uma prova contra mim por favor, diga. Mande pra Justiça,
mande pra Suprema Corte, mande pra Imprensa, porque eu preciso. Eu
ficaria mais feliz se eu fosse condenado com base numa prova. Que eles
me desmascararem. “Tá aqui ó, você realmente cometeu um erro.” O que me
deixa indignado, mas sem perder a ternura, é você perceber que você tá
sendo vítima de um grupo de pessoas que contaram a primeira mentira e
vão passar a vida inteira mentindo pra poder justificar a primeira
mentira que contaram, de que o Lula era dono e um triplex.
Não sou dono de um triplex, não tenho triplex e ainda fui multado em
700 mil reais. Porque agora o triplex é da União. Eles tomaram o triplex
e eu tenho que pagar 700 mil reais pra Petrobrás. Eles poderiam me dar o
triplex, eu vendia o triplex e pagava a multa. Senão, o que vai
acontecer, é que nós vamos fazer que nem arrecadação de dízimo. Pra
vocês inclusive, pra imprensa democrática, passar um saquinho , você
depositar um dinheiro e eu pagar uma multa de um triplex que não é meu.
Então eu sinceramente, a minha cabeça de um cidadão que tem o quarto
ano primário e um curso de torneiro mecânico, não consegue compreender
todo esse emaranhado. Eu não sei como que alguém consegue escrever quase
300 páginas pra não dizer absolutamente nada de prova contra a pessoa
que ele quer acusar.
Esse processo é como o cidadão chegar aqui, um torcedor do
Corinthians , chegasse aqui pra mim e dissesse “ô Lula, o Corinthians
contratou o Messi”, eu ia ficar todo feliz. E não fosse verdade e eu
começar a processar o Corinthians porque eu queria que o Messi jogasse. E
o Barcelona falasse “mas Lula, o Messi é do Barcelona”, “é do
Corinthians, a Globo falou”. E aí o Corinthians fosse obrigado a pagar
multa. Não é possível!
E tem mais outros processos desse mesmo jeito. Vocês vão ouvir falar
muito de processos iguaizinhos a esse, então eu queria dizer pra vocês
que a minha indignação como cidadão brasileiro não me faz perder a
crença de que nesse país ainda existe justiça.
Por isso nós vamos recorrer em todas as instâncias de todas as
arbitrariedades. Eu acho que inclusive é preciso a gente processar essa
sentença no Conselho Nacional de Justiça. É preciso a gente fazer
processo contra quem mentir, contra quem não disser a verdade nesse
país. Porque cada vez que eu vou prestar um depoimento eu digo: só eu
tenho interesse na verdade aqui.
Agora mesmo eu fui prestar um depoimento e o procurador falou assim
pra mim “Não, o senhor não precisa prestar como testemunha, porque como
testemunha você é obrigado a falar a verdade. Você pode prestar como
informante”. Eu falei “Não, eu quero prestar como testemunha porque eu
vim aqui pra falar a verdade. Quem queria que eu falasse como informante
é porque não queria que eu dissesse a verdade.”
Então, companheiros, eu queria, não to desafiando não, mas eu queria
desafiar, sabe? Não desafiando, que os meus inimigos, sobretudo os donos
dos meios de comunicação, fizesse um esforço incomensurável e
apresentasse uma prova. Uma única prova, um único papel assinado. Porque
o que eles apresentam como prova, é um papel que tava rasurado. Vocês
tão lembrado que no processo me deram um papel. Eu vi que tava rasurado
no número 174, que poderia até ter sido eles quem tivessem feito, e
perguntaram “o senhor conhece isso aqui” e eu respondi “Não, não
conheço, quem assinou?”, “Ninguém”, “E como é que vou reconhecer um
documento que não tá assinado?”
Isso foi utilizado como prova. E depois a delação de um cidadão,
sabe, que eu tenho um profundo respeito, que tive muita relação de
amizade, que foi o Leo Pinheiro, que mudou de opinião de um dia pro
outro. Eu lembro que no dia do depoimento dele o Cristiano perguntou
“Doutor Leo, até ontem o senhor vinha falando outra coisa, por quê o
senhor mudou de posição?” “Ah, porque tive nova orientação do advogado”,
que ele contratou o Juca pra ser o seu advogado. Então com base nisso,
você fazer a condenação, eu sinceramente acho que eu me sinto aliviado
porque conheço o tamanho da mentira.
E queria terminar dizendo uma coisa pra vocês. Eu quero respeitar os
companheiros do PDT, os companheiros do PCdoB, os companheiros do
movimento social, eu quero dizer uma coisa pra vocês. Se alguém pensa
que com essa sentença em tiraram do jogo, podem saber que eu to no jogo.
E agora quero dizer ao meu partido, que eu até agora não tinha
reivindicado, mas a partir de agora eu vou reivindicar do PT o direito
de me colocar como postulante a candidatura a presidência da República.
Eu, na verdade, gostaria de estar aqui hoje nessa mesa, Gleisi, no
auditório principal do meu partido, com tantas pessoas importantes aqui,
discutindo a situação do Brasil. Discutindo a situação política do
Brasil. A situação econômica do Brasil. O descrédito das Instituições
desse país, a começar pelo Poder Executivo. Discutindo o golpe dentro do
golpe, que até agora…você que é professor, sabe me explicar porque que a
Globo quer dar um golpe dentro do golpe e pra gente deixar claro que o
mesmo golpe, a gente não quer dar golpe no Temer, a gente quer eleições
diretas, a gente quer votar legalmente e a gente quer que ele saia com
uma votação de uma emenda constitucional dentro do Congresso. A gente
não quer que ele saia porque tem quer achar um melhor do que ele, não, o
melhor só a eleição pode achar.
Porque quando o povo escolher um candidato, uma candidata, o povo
passa a ser o responsável pelos acertos e pelos erros. Então eu queria
dizer o seguinte. Eu não sei se isso é pro bem ou pro mal, mas você vai
ter um pré-candidato com um problema jurídico nas costas e eu tenho que
fazer duas brigas. Primeiro brigar juridicamente pra ganhar o direito de
ser candidato, segundo brigar dentro do PT pra ganhar o apoio do PT,
terceiro, brigar, sabe, a boa briga, a boa luta democrática nas ruas pra
convencer a sociedade.
Porque se eles acabaram de destruir tudo o que foi construído de
direito dos trabalhadores desde 1943, se eles estão tentando destruir a
conquista dos trabalhadores mais a previdência social, se eles estão
tentando destruir a indústria nacional, estão tentando destruir a coisa
mais simples que nós criamos, que é o componente nacional, pra que a
gente possa desenvolver uma industria nacional. Se eles estão tentando
destruir a Petrobras, se eles estão tentando destruir as empresas de
engenharia, porque não sabem o que fazer, eu queria dizer: Senhoras da
Casa Grande, permitam que alguém da Senzala faça o que vocês não tem
competência de fazer neste país.
Permita que alguém cuide desse povo, porque este povo n˜o está
precisando ser governado pela elite. Esse povo tá precisando ser
governado por alguém que conheça a alma dele, por alguém que saiba o que
é fome, o desemprego, por alguém que saiba o que que é a vida dura que
leva o povo pobre desse país. E eu quero terminar dizendo o seguinte,
sabe, quando esse país não tiver mais jeito, sabe, quando os economistas
de direita não tiver mais solução, por favor, permita que a gente
coloque o pobre no orçamento outra vez. O pobre do orçamento, Damião, o
pobre no mundo que trabalha, o pobre recebendo salário, o pobre
recebendo crédito, que a gente faz esse país voltar a crescer, faz o
povo voltar a sorrir e faz o povo voltar a ter o otimismo que tinha todo
tempo que nós governamos esse país.
Lembrar vocês, e vou dizer pra vocês, lembrar e afirmar uma cosia, o
ódio está disseminando neste país e toda vez que eu falo que a Rede
Globo é a disseminadora do ódio deste país é porque é só assistir o
Jornal Nacional e vocês vão perceber. Sabe, que eu espero, que aqueles
que apresentam o jornal, que faz o jornal, na hora que apresentem as
denúncias falsas, cheguem em casa e olhem para cara dos seus filhos, pra
ver se os filhos deles, com o peso do que ele tá fazendo , por que eu
não tenho dúvidas de que quando os filhos ficaram adultos, vão cobrar
dos país a quantidade de mentiras que contaram a respeito de uma pessoa
que não é honesto por mérito, sou honesto porque aprendi com a mulher
analfabeta, a ser honesto.
E é importante saber, que eu sei o que fizeram com a dona Marisa com
essas mentiras. Eu nem coloco isso na mesa pra não ficar emocionado, mas
as pessoas sabem o que fizeram com a dona Marisa, portanto, companheira
Gleisi, tá aqui o seu velho companheiro jovem Lula, com 71 anos e idade
próximo de fazer 72, disposto a brigar do mesmo jeito que quando eu
tinha 30 anos. Com mais experiência, to tomando vitamina de manhã, to
fazendo ginástica todo dia, sabe, então me esperem.
Quem acha que é o fim do Lula vai quebrar a cara porque somente na
política, que ter um direito de decretar o meu fim é o povo brasileiro.