O golpe foi dado para que os gringos roubassem o nosso petróleo
O
jornalista Leonardo Attuch, em artigo especial, desenterra a cabeluda
história da espionagem dos Estados Unidos contra a Petrobras e Dilma
Rousseff, em 2013,
nas vésperas do golpe que a depôs do cargo. Para o editor do 247,
diferente do Oriente Médio, as petroleiras internacionais conseguiram se
apoderar da maior descoberta recente de petróleo no Brasil [o pré-sal]
sem dar um único tiro.
Roubaram o pré-sal e foram indenizados
No segundo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, o Brasil anunciou as maiores descobertas de petróleo no século
21, que foram as reservas do pré sal. Coincidência ou não, em 2008,
quatro notebooks e dois HDs da Petrobras foram furtados, com informações
sigilosas sobre o pré-sal, numa típica ação de espionagem industrial,
que envolveu a empresa norte-americana Halliburton, que também atuou na
invasão do Iraque. Pouco tempo depois, o Brasil passou a ser espionado
pela NSA, uma agência de inteligência dos Estados Unidos, com foco
especial no setor de petróleo.
A espionagem se tornou pública já no governo da presidente
Dilma Rousseff, com as revelações feitas pelo agente Edward Snowden. Não
só Dilma havia sido bisbilhotada, como a própria Petrobras. Desde
então, surgiram as primeiras evidências de que um golpe, movido a
petróleo, estava em curso no Brasil. De um lado, colunistas alinhados
com o pensamento vira-lata e entreguista desdenhavam do pré-sal,
alegando que o custo de extração seria extremamente alto. De outro,
Dilma tentava resistir, com um modelo de exploração que passava a ser o
de partilha, com maior geração de riquezas para a União e o comando da
Petrobras.
Em 2013, com as chamadas jornadas de junho, uma “primavera
árabe” brasileira passou a ser estimulada nas redes sociais por páginas
patrocinadas por grandes interesses econômicos. Um ano depois, a
Operação Lava Jato transformou a promiscuidade histórica das relações
público-privadas brasileiras num caso de “corrupção sistêmica” de uma
estatal que teria sido aparelhada para garantir um “projeto de poder”. O
que se pretendia era derrubar a presidente Dilma Rousseff e cassar o
registro do PT para que o partido fosse banido da vida pública
brasileira.
Com a descoberta de que a farra das empreiteiras era
generalizada, apenas o primeiro objetivo foi alcançado. E o Brasil,
curiosamente, foi o primeiro país da história a derrubar uma presidente
honesta para instalar uma organização criminosa no poder. Feita a
transição, a primeira mudança se deu justamente no petróleo, com a venda
de campos do pré-sal até para estatais de outros países, como a
norueguesa Statoil, e leilões que favoreceram empresas como Shell e
Exxon.
Sem disparar um único tiro, ao contrário do que ocorreu nas
invasões recentes do Oriente Médio, as petroleiras internacionais
conseguiram se apoderar da maior descoberta recente de petróleo.
Enquanto isso, no Brasil, foram eliminados mais de 2 milhões de empregos
na cadeia produtiva do setor de óleo e gás, a indústria naval foi
paralisada e, como cereja do bolo, a Petrobras decidiu indenizar, antes
de qualquer condenação judicial, investidores dos Estados Unidos, alguns
deles de fundos-abutres, em nada menos que R$ 10 bilhões. Em resumo:
roubaram o pré-sal e ainda foram indenizados.
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