terça-feira, 29 de maio de 2012

COMUNIDADE BOA ESPERANÇA AGONIZA EM SEU LEITO DE MORTE

DEU NO IMPACTO - Comunidade de Boa Esperança, nosso símbolo maior da produção da famosa fa´rinha de tapioca, agoniza seus ultimos dias em seu leito de morte.
Esta comunidade que já foi referência para as demais, hoje abandonada pelo poder público e sem condições de trabalho os agricultores venderam suas terras mas continuam no local só que agora em vez de patrão estão arrancando e carregando toco, os carrega tocos nós paraenses como somos chamados pelos gaúchos.
com a venda das pequenas propriedades Boa Esperança ficou cercada com o plantio de soja e em consequencia os produtos agrotóxicos (venenos) são aplicados nas lavouras e conduzidos pelo vento até aquela linda e pacata comunidade as consequência é a matéria abaixo publicada no jornal o impacto.

"Agricultores contaminados morrem de câncer em Santarém"
Raimundo Mesquita (Peba) faz a grave denúncia e acusa sojeiros pela contaminação
Raimundo Mesquita (Peba) culpa sojeiros pela contaminação
Com toda a certeza o fundador da comunidade Boa Esperança, o saudoso Raimundo Pereira, quando deu início ao trabalho de povoamento e colonização do local, na década de 60, não imaginava que um dia os moradores da pequena comunidade rural estivessem prestes a viver uma tragédia que sequer imaginavam estivesse tão próxima e muito menos que pudesse contaminar aos seus vizinhos e a si próprios, levando à morte em ordem crescente. Tudo porque estariam permanentemente penalizados à contaminação: primeiro pelo cheiro forte do tucupi, depois pelo veneno que é aplicado nas plantações de soja, no combate a insetos e outras pragas. Sem recursos e imunidade, os agricultores morrem, enquanto a ameaça da contaminação está cada vez mais viva e fazendo vítimas fatais.
A equipe do jornal O Impacto esteve com o presidente do Sindicato Rural de Santarém, Raimundo Mesquita (Peba), que confirmou o fato: no início da produção de farinha de tapioca, antes da chegada dos sojicultores, existiam mais de cem casas de farinha operando semanalmente, “agora existem apenas quarenta dessas e, nem todas estão em funcionamento”, disse o líder rural. A vida pacata dos produtores rurais teve fim no ano de 2005, com a chegada dos sojicultores na zona rural batizada por seu fundador como Boa Esperança; fato que contribuiu para a queda da produção da farinha de mandioca, deixando muita gente desempregada. “Me disseram que na Boa Esperança, antes da invasão dos sojeiros, todo mundo tinha emprego; média de 600 empregos diariamente, apesar do cheiro forte da massa de mandioca”, recorda Raimundo Mesquita.
Na opinião do presidente do Sindicato Rural de Santarém, esta queda na produção foi significativa, o que motivou o êxodo rural na comunidade Boa Esperança. “Muitos trabalhadores acabaram vendendo suas propriedades, abandonando seu meio de sobrevivência e uma boa esperança de vida por preços irrisórios, em busca da ilusão de mais mansa na “cidade grande”, no caso Santarém”, informou.
Decadência: Hoje a comunidade Boa Esperança não passa de uma vila esquecida, onde o povo vive com medo de morrer pela contaminação, pois a morte súbita pelo câncer que está aguardando suas vítimas se encontra no ar. Quando o povo sai de suas casas, no caminho do roçado é contaminado pelo veneno colocado para matar as pragas que atacam a produção de soja; são aplicados de maneira desordenada e irresponsável, encontrando no caminho os indefesos agricultores. Igarapés que serviam para lavar roupas e abastecer, para nada mais servem. Os moradores da comunidade usam água de micro-sistemas, mesmo com água antes corrente em seus quintais. Uma triste realidade.
Lista Negra: Eis a lista dos que perderam a vida, no confronto com agrotóxicos: No dia 15, terça-feira, a vítima mais recente foi Raquel de Lima Rabelo, 32 anos. Além dela, a comerciante Norma, esposa de Nelson Schimidt, que morreu com câncer no estômago; D. Creuza, que foi vitimada com câncer na cabeça; um jovem filho da agricultora Claúdia e Gabriel da Silva Pereira, morador na comunidade Arroz Doce, nos arredores da comunidade Boa Esperança, que morreu há três meses. Dona Maria José e professora Odinéia, muito conhecidas na comunidade, foram levadas para Manaus, onde estão em tratamento com suspeita de câncer terminal.
Alarme: Raimundo Mesquita, o sindicalista, lembra que a época de prosperidade aparente, no ano de 2005, na verdade causava muita preocupação para as lideranças rurais. “Chegamos a fazer uma campanha “Não abra mão de sua Terra”, em todos os municípios e região da Curuá-Una, além de outras zonas rurais de Santarém”, lembra o líder rural. “Foi assustador; quando percebemos, muito trabalhador rural já tinha vendido suas terras”, analisou. Raimundo Mesquita diz que a campanha feita pelo Sindicato deu resultado. “conseguimos frear essa venda sem controle das terras. hoje, por conta dessa mobilização, vemos na região terras há três anos com placas de venda, sem encontrar comprador”, enfatiza o sindicalista.
Por: Carlos Cruz

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