Controle da usina de Belo Monte é colocado à venda por R$ 10 bilhões.
A Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, está à venda. Segundo
informações obtidas pelo jornal O Estado de S. Paulo, as empresas que
compõem o bloco de controle da Norte Energia, concessionária que
administra a usina, já contrataram o Bradesco BBI para buscar potenciais
investidores no Brasil e no exterior. A operação também contará com um
banco internacional para tocar as negociações de venda da terceira maior
hidrelétrica do mundo, atrás apenas da chinesa Three Gorges e de Itaipu
Binacional.
O que está à venda é a parte das empresas Neoenergia, Cemig, Light,
Vale, Sinobras, J. Malucelli e dos fundos de pensão Petros (Petrobrás) e
Funcef (Caixa). A participação dessas companhias na Norte Energia é de
50,02%. O valor patrimonial de Belo Monte é estimado em R$ 10 bilhões. O
projeto, que só será concluído em 2019, ainda exigirá investimentos de,
pelo menos, R$ 5 bilhões.
Quando concluída, a hidrelétrica, de 11.233 megawatts (MW) de
energia, terá consumido mais de R$ 31 bilhões – o empreendimento começou
orçado em R$ 18 bilhões. Segundo fontes próximas à empresa, para ficar
com a usina, os compradores terão de assumir o financiamento concedido
ao projeto de cerca de R$ 22 bilhões do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A hidrelétrica ainda
pleiteia mais R$ 2 bilhões do banco estatal para concluir as obras.
Por ora, a participação do Grupo Eletrobrás, de 49,98%, não está à
venda. Mas, como a estatal tem o direito de “tag along” (mecanismo que
permite ao minoritário vender suas ações pelo preço pago ao
controlador), o grupo também poderia vender sua fatia na hidrelétrica,
diz uma fonte do setor, caso o valor seja satisfatório.
Chinesas
Antes mesmo da contratação do banco que vai liderar a negociação,
algumas chinesas – que são consideradas “candidatas” a qualquer processo
de fusão e aquisição no País – já vinham sondando o empreendimento.
State Grid e China Three Gorges – que estão há mais tempo no Brasil e
abocanharam importantes ativos no setor de energia, como Cesp, CPFL e
Duke Energy – já começaram a avaliar a usina. A State Grid, por exemplo,
está construindo o linhão que vai distribuir a energia de Belo Monte.
Mas fontes ligadas ao negócio afirmam que, por ser um
megaempreendimento, a venda deverá ocorrer para um consórcio. A
expectativa é que as negociações sejam acirradas. O empreendimento está
envolvido na Lava Jato, que investiga pagamento de propina por parte do
consórcio construtor de Belo Monte, formado por Odebrecht, Camargo
Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, OAS e outras cinco
empreiteiras menores.
“Há uma enorme preocupação por parte dos investidores que têm
negociado ativos de empresas envolvidas na Lava Jato de que o escândalo
acabe respingando nos futuros controladores. Se o valor da multa já está
estipulado, coloca-se no preço. Caso contrário, a incerteza é grande”,
diz um advogado, que prefere não se identificar. Outro entrave é o
modelo financeiro adotado em Belo Monte. Analistas que acompanham o
projeto afirmam que o retorno do investimento caiu pela metade nos
últimos anos por causa das paralisações e multas aplicadas por atraso
nas obras.
Procurados pela reportagem, a Norte Energia e Bradesco não comentaram o assunto.
Fonte: A Tarde
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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