EUA INVADIRAM O BRASIL ATRAVÉS DE ONGS E AMEAÇAM A SOBERANIA NACIONAL
Faz
sucesso na internet uma entrevista do general Luiz Gonzaga Schroeder
Lessa, ex-chefe do Comando Militar da Amazônia, concedida há três anos à
repórter Márcia Brasil, do jornal carioca O Dia, mas que continua cada
vez mais atual, porque o governo não tomou a menor providência..
O
militar denuncia a existência de um ‘Estado paralelo’ na Região Norte
do País, dominado informalmente por Organizações Não-Governamentais
(ONGs), que controlam a entrada e a saída de pessoas na Amazônia, sem a
chancela do governo brasileiro.
Segundo
o general Lessa, só na região da Amazônia, já existiem mais de 100 mil
ONGs. A maioria não é fiscalizada e atua livremente na região.
Especialista em assuntos da Amazônia desde que entrou para a reserva, em
2001, o general Lessa já esteve à frente do Comando Militar da
Amazônia, do Comando Militar do Leste e foi presidente do Clube Militar.
Qual o principal problema da Amazônia hoje?
É
o vazio de poder motivado pela ausência do Estado. O Estado brasileiro
não se faz presente na Amazônia. Naquela área enorme, as fronteiras são
muito permeáveis, e o dispositivo militar que existe nas fronteiras é
fraco — de vigilância, apenas. A Polícia Federal na área é muito fraca, e
o Estado não se faz presente na suas funções básicas, como promover
educação, saúde, e políticas de desenvolvimento sustentável. Como o
Estado está ausente, outros querem tomar o poder do Estado. E quem quer
tomar esse poder? As ONGs. E querem já há muito tempo.
Quantas ONGs existem na Amazônia hoje?
Estima-se
que o Brasil tenha 276 mil ONGs. Na Amazônia, são mais de cem mil. Mas
essas cem mil ONGs atuam sozinhas. Elas atuam livremente, sem
fiscalização. O governo não sabe quem as apóia nem como elas são
orçamentadas. Elas não prestam contas para ninguém. E dominam
territórios fisicamente.
Como assim?
É
outro Estado paralelo. É o Estado paralelo da Região Norte. Tem parte
da Amazônia que você só entra se a ONG deixar. Eu só entrei em algumas
áreas controladas por ONGs fardado. Parte dessas terras elas compraram,
parte elas controlam a população, particularmente os índios. E controlam
até o fluxo nos rios. O Rio Negro é um exemplo. Nem como turista você
entra nessas áreas. Não entra!
O senhor poderia explicar melhor esse controle?�
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Você
pode chegar como cidadã brasileira e navegar para alcançar o alto do
Rio Negro. Chegando lá, em determinado ponto tem um tipo de posto de
controle dessa ONG. Ela pergunta onde a senhora vai. Então você
responde: vou subir um pouco mais o rio. Eles insistem e perguntam: quer
falar com quem? Eles respondem: não, a senhora não pode passar daqui
não. E não vão lhe deixar entrar.
O
senhor quer dizer que existem áreas na Amazônia que não são reservas
indígenas, bases militares, nem grandes propriedades privadas, mas que
são restritas ao cidadão comum?
Sim.
São restritas. Mamirauá (reserva florestal entre os rios Solimões e
Japurá, no Amazonas), região que é muito apreciada pelo ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso e pelo seu sucessor Lula, é uma delas, só para
dar um exemplo. O dois ex-chefes da República estiveram lá em navios da
Marinha. Ali você não entra. A região é cheia de estrangeiros lá
dentro, a título de pesquisadores. E quem não é da área não entra. Mas
muitas outras áreas da Amazônia também são restritas. E eu estou falando
em áreas de reservas florestal. Quando você fala em reservas indígenas,
a restrição é pior. Porque, pelas regras da Funai, o não-índio não pode
entrar em terras indígenas.
Então isso pode indicar que quem atua no tráfico de armas, de munição e de drogas pode se aproveitar dessa situação?
A
Amazônia é uma área ainda hoje praticamente fora de controle. Pode
entrar de tudo nessas áreas. Com a chegada do Sivam (Sistema de
Vigilância da Amazônia), houve uma redução expressiva do tráfico de
entorpecentes pelo ar. Porque há o receio da Lei do Abate. Mas aumentou
muito o tráfico de drogas terrestre e fluvial, pelos rios. Junto com
isso, vão as armas. Porque se você leva tóxico, você pode levar armas e
munição. E também não podemos esquecer a proximidade dos acampamentos
das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Qual a influência da guerrilha colombiana na Amazônia brasileira hoje?
Ainda
que as Farc estejam enfrentando um problema bastante difícil agora, o
que mantém a sua sustentação basicamente é o narcotráfico. Eles estão
assaltando pouco, sequestrando pouco. Essas são as grandes fontes de
renda das Farc, junto com o narcotráfico. Como esses crimes estão sendo
pouco praticados em razão da pressão das Forças Armadas colombianas, o
narcotráfico é o que garante o sustento dos guerrilheiros. A proximidade
com as nossas fronteiras facilita a entrada da cocaína que eles
produzem. No retorno, eles levam suprimentos em geral, como alimentos e
remédios, produtos para misturar com a cocaína e, muitas vezes, munição
brasileira. Agora, indício de movimentação de guerrilheiros colombianos
em solo brasileiro só existe em dois locais: São Gabriel da Cachoeira e
Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas.
Qual a situação dessas 276 mil ONGs que existem em território brasileiro?
Desse
total, 29 mil recebem recursos federais. Das 100 mil localizadas na
Amazônia, apenas 320 estão cadastradas pelo governo federal. É um quadro
de total descontrole. Vale destacar também que, em 2002, o número
dessas organizações no País era de 22 mil. Já em 2006, pulou para 260
mil. Um aumento de 1.181% em apenas dois anos. E todos esses dados são
públicos. Estão no site do Siaf (Sistema Integrado de Acompanhamento
Financeiro).
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