Pastor Everaldo ajudou Aécio em debate, diz delator
WÁLTER
NUNES - SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-executivo Fernando Cunha
Reis, delator na Lava Jato, afirmou em seu depoimento que, em 2014, a
empreiteira baiana orientou ao candidato do PSC à Presidência da
República, Pastor Everaldo, que durante um debate na TV fizesse
perguntas que favorecessem o candidato tucano Aécio Neves.
A
Odebrecht repassou R$ 6 milhões para a campanha de Pastor Everaldo,
segundo o delator. "Como a gente se sentia credor por ter contribuído
tanto para a campanha dele, nós sugerimos a ele que usasse o debate
sempre para perguntar ao candidato Aécio porque aí daria mais tempo ao
Aécio. E analisando a transcrição do debate do primeiro turno se nota
que ele fez perguntas absolutamente simples e inócuas para que o
candidato Aécio pudesse ter tempo na televisão", disse.
A
Odebrecht não tinha preferência por nenhuma candidatura, segundo Reis,
"mas existia a intenção de ajudar aos dois [Dilma e Aécio] e eu acho que
a ideia nesse momento era ajudar o Aécio a chegar ao segundo turno".
Reis não disse se Aécio sabia da combinação e nem mesmo informou em qual debate isso aconteceu.
A
Odebrecht, segundo o delator, se arrependeu de ter doado aquela quantia
para Everaldo e concluiu que o repasse foi "muito grande para quem tem
muito pouco para dar". O delator diz que houve cálculo errado sobre a
importância daquela candidatura. "A gente achou que ele poderia ter uma
grande quantidade de votos, mas foi uma avaliação completamente errada",
disse.
Aécio foi para o segundo turno contra a então presidente Dilma Rousseff, mas a petista acabou reeleita.
Segundo
o executivo da Odebrecht, Pastor Everaldo foi apresentado a ele pelo
ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso em Curitiba.
Segundo
o delator, após a morte do candidato do PSB à presidência, Eduardo
Campos, os votos da comunidade evangélica migraram para sua sucessora,
Marina Silva. "Aí, ele [Pastor Everaldo] praticamente desapareceu nas
pesquisas", disse.
Em
nota, a assessoria de Aécio Neves disse que o candidato do PSDB
"participou de todos os debates, realizados ao vivo e testemunhados por
milhões de brasileiros, respondendo a perguntas de todos os seus
adversários na campanha".
"Ele não tinha informações sobre doações feitas pela Odebrecht a outras campanhas."
A
assessoria de Pastor Everaldo diz que "é absolutamente fantasiosa a
afirmação de que as bandeiras da campanha de 2014, ou a participação do
Pastor, em qualquer debate, tenham sido influenciadas por uma empresa".
Classificaram a campanha como "bastante modesta" e disseram que as
doações obedeceram a legislação vigente.
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