Avanço da internet amplia a pressão sobre os políticos
Pela rede, internautas fazem cobranças 24 horas por dia
Cedendo. Gabriel Azevedo recebeu muitas manifestações contrárias pelo aplicativo e mudou seu voto
Há nem tanto tempo assim, os únicos canais que o eleitor tinha para
manifestar suas reivindicações e reclamações aos políticos era por
carta, abaixo-assinados ou indo pessoalmente às prefeituras, Câmaras
Municipais, Assembleias Legislativas ou o Congresso Nacional. Hoje,
basta digitar alguns caracteres no próprio celular, tocar em “enviar” e
pronto: em segundos, o tiro acerta o alvo.
E esses “disparos” têm gerado muito estrago para os políticos, deixando-os acuados. “Algumas vezes, ficamos em situação desconfortável. Temos que tomar cuidado para não sermos constrangidos pelas redes sociais”, afirma o deputado federal Mário Heringer (PDT-MG).
Nunca a chamada opinião pública esteve tão presente na vida dos políticos. Mensagens via WhatsApp (há políticos que divulgam seu número de celular), tuítes, comentários no Facebook e e-mails chegam o dia inteiro, a qualquer horário. A maior parte das manifestações é formada por cobranças e críticas ao político.
Mudando de ideia. Tanta pressão já está surtindo efeito. Não são poucos os casos de parlamentares que reveem seu posicionamento em relação a temas polêmicos e até voltam atrás em intenções de votos que antes defendiam.
Aconteceu com o vereador Gabriel Azevedo (PHS-MG). Um dos políticos mais engajados nas redes sociais desde os tempos de PSDB, o parlamentar de Belo Horizonte lançou em janeiro um aplicativo onde o eleitor pode canalizar suas reclamações e reivindicações, o “Meu Vereador”.
E foi justamente por meio de sua criatura que o criador sentiu na pele a pressão que as redes sociais podem exercer. “Foi naquela questão do aumento dos salários dos funcionários da Câmara, ao qual eu era favorável, pois estavam sem reajuste há dois anos”, admite. “Foram tantas manifestações contrárias ao meu posicionamento que chegaram pelo aplicativo e pelas redes sociais, que eu não hesitei e mudei meu voto. Votei contra”, diz Azevedo.
“Vivemos em uma democracia representativa. O mandato é de quem votou em mim. Eu não tenho medo de votar de acordo com o que meus eleitores querem. Quem faz críticas a essa posição normalmente diz que o povo não sabe votar. Eu discordo radicalmente. Meu eleitorado é muito especial e confio plenamente nele”, justifica o político.
Os parlamentares dizem escutar muito seu eleitorado pelas redes sociais. “Eu sempre ouvi muito o que as pessoas me diziam, suas reclamações, suas necessidades. Sempre viajei muito pelas cidades e pelos Estados, reunindo-me com as pessoas, escutando-as. Agora, com as redes sociais e o Whats-App, mais ainda. Meus projetos vieram desses encontros e também das manifestações na internet”, conta o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG).
Mas Lopes nega que mude de ideia por conta de pressão da internet. “Esse novo conceito de participação da sociedade, pelas redes sociais, é extremamente saudável. Eu não substituo o povo: eu o represento. Mas eu não mudo minhas ideias e convicções. Não há necessidade de mudar posicionamento”.
Fortes na rede
Peso. O instituto Medialogue mostrou, no fim de 2016, que os congressistas mais influentes são Eduardo Bolsonaro (PSC), Jair Bolsonaro (PSC), Jandira Feghali (PCdoB) e Marco Feliciano (PSC).
O vereador Mateus Simões (Novo-MG) concorda. “Político profissional é um sobrevivente. Tem que se adequar a uma nova realidade a todo momento”, analisa. “Quando lancei o projeto de lei sobre ideologia na escola, fiquei me perguntando: ‘E se não concordarem comigo?’ Mas eu tenho que ter força moral suficiente para explicar e manter minha posição. Não concordo com mudar de ideia por conta da internet. Não sabemos das intenções dessas pessoas.”
O deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG) é crítico ao que vê nas redes. “A internet é mais uma ferramenta de comunicação e certamente pode afetar a imagem de um político. Mas ainda é um meio em construção e amadurecimento”, pondera.
Pestana garante que não se deixa levar pela pressão. “Voto de acordo com minhas convicções. Levo em consideração as opiniões das redes, mas não me recordo de ter mudado de ideia por conta delas”.
E esses “disparos” têm gerado muito estrago para os políticos, deixando-os acuados. “Algumas vezes, ficamos em situação desconfortável. Temos que tomar cuidado para não sermos constrangidos pelas redes sociais”, afirma o deputado federal Mário Heringer (PDT-MG).
Nunca a chamada opinião pública esteve tão presente na vida dos políticos. Mensagens via WhatsApp (há políticos que divulgam seu número de celular), tuítes, comentários no Facebook e e-mails chegam o dia inteiro, a qualquer horário. A maior parte das manifestações é formada por cobranças e críticas ao político.
Mudando de ideia. Tanta pressão já está surtindo efeito. Não são poucos os casos de parlamentares que reveem seu posicionamento em relação a temas polêmicos e até voltam atrás em intenções de votos que antes defendiam.
Aconteceu com o vereador Gabriel Azevedo (PHS-MG). Um dos políticos mais engajados nas redes sociais desde os tempos de PSDB, o parlamentar de Belo Horizonte lançou em janeiro um aplicativo onde o eleitor pode canalizar suas reclamações e reivindicações, o “Meu Vereador”.
E foi justamente por meio de sua criatura que o criador sentiu na pele a pressão que as redes sociais podem exercer. “Foi naquela questão do aumento dos salários dos funcionários da Câmara, ao qual eu era favorável, pois estavam sem reajuste há dois anos”, admite. “Foram tantas manifestações contrárias ao meu posicionamento que chegaram pelo aplicativo e pelas redes sociais, que eu não hesitei e mudei meu voto. Votei contra”, diz Azevedo.
“Vivemos em uma democracia representativa. O mandato é de quem votou em mim. Eu não tenho medo de votar de acordo com o que meus eleitores querem. Quem faz críticas a essa posição normalmente diz que o povo não sabe votar. Eu discordo radicalmente. Meu eleitorado é muito especial e confio plenamente nele”, justifica o político.
Os parlamentares dizem escutar muito seu eleitorado pelas redes sociais. “Eu sempre ouvi muito o que as pessoas me diziam, suas reclamações, suas necessidades. Sempre viajei muito pelas cidades e pelos Estados, reunindo-me com as pessoas, escutando-as. Agora, com as redes sociais e o Whats-App, mais ainda. Meus projetos vieram desses encontros e também das manifestações na internet”, conta o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG).
Mas Lopes nega que mude de ideia por conta de pressão da internet. “Esse novo conceito de participação da sociedade, pelas redes sociais, é extremamente saudável. Eu não substituo o povo: eu o represento. Mas eu não mudo minhas ideias e convicções. Não há necessidade de mudar posicionamento”.
Fortes na rede
Peso. O instituto Medialogue mostrou, no fim de 2016, que os congressistas mais influentes são Eduardo Bolsonaro (PSC), Jair Bolsonaro (PSC), Jandira Feghali (PCdoB) e Marco Feliciano (PSC).
Mudar nem sempre é o melhor
Escutar as ruas e o mundo virtual faz parte da atividade política. Mas alguns parlamentares acreditam ser perigoso ceder tão facilmente às redes sociais. “Se todo mundo passar a atender às vontades explicitadas nas redes, podemos fazer uma grande besteira”, alerta o deputado federal Mário Heringer (PDT), que vê uma crise de imagem da classe política. “A descrença em relação às explicações dos políticos é grande”, diz.O vereador Mateus Simões (Novo-MG) concorda. “Político profissional é um sobrevivente. Tem que se adequar a uma nova realidade a todo momento”, analisa. “Quando lancei o projeto de lei sobre ideologia na escola, fiquei me perguntando: ‘E se não concordarem comigo?’ Mas eu tenho que ter força moral suficiente para explicar e manter minha posição. Não concordo com mudar de ideia por conta da internet. Não sabemos das intenções dessas pessoas.”
O deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG) é crítico ao que vê nas redes. “A internet é mais uma ferramenta de comunicação e certamente pode afetar a imagem de um político. Mas ainda é um meio em construção e amadurecimento”, pondera.
Pestana garante que não se deixa levar pela pressão. “Voto de acordo com minhas convicções. Levo em consideração as opiniões das redes, mas não me recordo de ter mudado de ideia por conta delas”.
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