OAB decide entrar com pedido de impeachment de Michel Temer.
O Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) decidiu na madrugada deste domingo (21) apoiar o impeachment do presidente Michel Temer e formular pedido a ser protocolado na Câmara dos Deputados.
Formado
por bancadas com representantes dos 26 Estados do país e o Distrito
Federal, o Conselho decidiu fazer uma reunião extraordinária, na sede da
instituição, em Brasília, diante dos fatos da última semana. Antes das
deliberações deste sábado (20), a maior parte das bancadas já havia se
posicionado pela cassação do presidente.
Em
geral as bancadas expressam a opinião das seccionais da OAB nos
estados. Ao todo, 25 bancadas decidiram pelo impedimento do presidente. O
Amapá votou contra. Acre não compareceu. A sessão que decidiu pelo
impedimento durou cerca de oito horas. O pedido deve ser protocolado na
próxima semana.
O
presidente Michel Temer já possui ao menos oito pedidos de impeachment
protocolados na Câmara. A OAB montou uma comissão com quatro
conselheiros para analisar os documentos divulgados na última
quinta-feira pelo STF (Supremo Tribunal Federal), sobre a delação dos
irmãos Batista, donos da JBS.
A
delação serviu de base para abertura de inquérito contra o presidente
no STF. No início da tarde, o presidente Temer discursou à nação e
buscou descreditar o delator. Alguns advogados já ocupavam o plenário e
assistiram a fala de um computador.
O
relator da comissão, Flavio Pansieri (PR), leu o relatório em que se
considerou que houve crime de responsabilidade cometido pelo presidente
no trecho da conversa com o empresário Joesley Batista, em que o delator
diz ter sob seu controle dois juízes e um procurador da Lava Jato. Ele
também cita receber informações vazadas da força tarefa, além de pedir
favores do governo na área econômica.
Nesse
último caso, o presidente diz para o empresário procurar o deputado
Roberto Loures (PMDB), mais tarde preso com malas de dinheiro pagas pela
empresa. Os conselheiros entenderam que o presidente se omitiu de
denunciar os crimes que ouviu naquela reunião. Temer teria, portanto,
prevaricado. Diz o relatório que é crime de responsabilidade “omitir-se
do dever legal de agir diante de um crime”.
“Omitir-se
de prestar informações, pela influência do cargo, o que lhe é exigido
pela conduta”, disse Pansieri. O relator também cita o fato de o
encontro ter ocorrido sem registro, seguindo “protocolo inabitual”. Ele
citou como agravante o fato de Joesley ser dono de empresa investigada
em ao menos cinco operações da Polícia Federal. O relator questionou a
“qualidade do interlocutor” e avaliou que o caso correspondeu a
“temerária atitude da maior autoridade do país”.
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